segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Como eu me sinto quando...

Eu estou aqui, completando 6 meses de vida na 'merica, de pizza ruim, novas ideias, teclado sem acento, novas amizade, sotaque paulista e de muito mais coisa, mas o importante mesmo eh o sentimento de AWESOME diario.

Tudo comeca quando o programa de Au Pair in America cabe no bolso, comeca a preencher a papelada com muita dedicacao e pressa de viajar. A visao de viajar ainda assusta e eu nao fazia ideia do que isso podia um dia significar pra mim. Quase tudo pronto, falta so o video. Em ingles. Pensando bem, um ano eh muito. Nao, vamos la, it's ok. Fiz o video, ufa. So ficar online! Falar com as familias! Em ingles. Por Skype. Ai meu deus, falar em ingles! Eu nao vou conseguir. Ok, vou tentar. Primeira familia, nervosismo, ingles travado. Talvez nao seja a hora, eu nao vou conseguir. Chorei pela primeira vez. Mas os amigos dao aquele empurrao tipo "Vamooo guriaa, foco na proxima, tu consegue!' e claro, funciona. Prepara, estuda, mais uma familia e outra e outra e de repente um "so, are you coming?". Em um mes, visto em maos, malas prontas, despedidas.

As coisas continuam sem muito sentido, ate a noite antes da viagem, a ultima em casa. Eu entendi o tamanho de um ano, ficar longe do cachorro (do cachorro!!!), da familia, dos amigos, da minha cama..Chora de novo, mais de medo que de qualquer outra coisa.

Primeiro aviao. primeira noite fora de casa e no aeroporto. Adormeci porque cansei de chorar. E o choro era mesclado de medo, ansiedade, alegria. Como um tapa na cara, eu entendi o que eu tava fazendo. Segundo aviao. New York! Nao pera.. SIM! Eh NY, eu to com sono, com fome e no dia seguinte tem que acordar as 6 da manha. Podia ta melhor. 4 dias no hotel, orientacoes, passeio rapido por NY, novas melhores amigas de infancia. Ok, mas eu continuo com sono. Garganta doendo como nunca e ta na hora de ir pra casa mas nao eh a minha. E o sentimento eh que ja posso posso chamar a nova casa de minha, afinal, vai ter que ser.

Primeiro contato, todo mundo sem jeito, ansioso, ninguem sabe o que dizer ou fazer, mas com um esforco enorme pra todo mundo se sentir bem. Ja sabia que ia dar certo, tinha uma cama grande e quentinha me esperando!

Me senti em casa muito rapido. Totalmente perdida na cidade. Mas com a ajuda da familia pra tudo, me apresentaram a cidade, mercados, escolas, metro. Mais ou menos depois de um mes aqui ja tinha conhecido um pouco de Washington DC, e redondezas. Primeiras amizades, passeios. Quando menos esperei, tavam saindo sozinha, reconhecendo enderecos, com carteira de motorista da Virginia ao inves de me identificar com o passaporte. Mais que nunca, eu tava em casa.

A saudade de casa, dos amigos, da Biju (da Biju!!) eh muito grande. O Skype com a familia reunida pro churrasco de domingo, a janta com todo mundo na mesa todo dia, as novidades das amigas, a comida da mae, os colos, os abracos. Demora pra ganhar um abraco bem sincero depois que chega aqui. Doi, eu chorei muitas vezes so com um "bom dia" de alguem de casa num domingo de manha. Chorei e choro, as vezes de cansada, as vezes de triste, de saudade, sem hora especifica. Minha familia passou pela pior coisa que eu podia imaginar acontecer e eu aqui longe. Isso nao eh a coisa mais facil do mundo de se lidar, mas estranho estar tao longe de casa, sentir saudades, ter a opcao de voltar e optar por ficar. O que eu to experimentando aqui, vivendo aqui, vale cada lagrima e cada aperto no coracao. Lidar com a saudade eh um dos aprendizados mais importantes.

O mundo parece menor agora, em contraponto com a minha mente e meu coracao, que estao cada vez maiores. Eu nao consigo colocar em palavras o que se aprende vivendo numa cultura diferente. Aprendi sobre a minha cultura, aprendi sobre mim.

Tenho mais um ano e 3 meses pra aproveitar, mas o tempo voa. Parece que foi ontem que cheguei aqui com a garganta inflamada, vergonha de falar em publico, insegura. Nao ha nada no mundo que nao se aproxime com Skype, facebook, telefone. Nao tem nada melhor no mundo que se sentir orgulhosa e feliz e ver as pessoas que tu gosta sentindo o mesmo por ti. Eu sempre digo, nao sabia que esse era meu sonho ate que eu cheguei aqui

Entao o programa de intercambio que cabia no bolso, esta cabendo no coracao. Feliz 6 meses de vida nova pra mim e que eu tenha tempo e dinheiro pra aproveitar devidamente os meses mais que tenho aqui, amem!


Eh facil se sentir bem aqui, sentir orgulho de estar aqui, vestir as cores. Ja eh parte de mim! :)

domingo, 3 de fevereiro de 2013

A Despedida



Como diria Vera Loca "os livros são seus; os discos são meus". Mas vou ficar com os livros, se não se importar. Quero ter livros de todos os cheiros, os novos, os velhos, os amarelos e os que me fazem espirrar de tão velhos. Quero também pedir algumas desculpas antes de ir. Primeiramente às pessoas que me encontraram na rua em dias de chuva e levaram uma guarda-chuvada, quero me desculpar dizendo que é muito difícil carregar a bagagem física, mais todo o mundo subjetivo que eu criei e que está em fase de crescimento permanente. Ainda bem. Eu sei da minha dificuldade de desligamento com a infância, mas devo observar que isso só tem me trazido alegrias, aniversários temáticos, cor e um mundo paralelo onde eu mando cortar a cabeça de quem descumpre minhas ordens. Desculpem - me também pelos meus ataques de organização, mas é tão óbvio que as coisas funcionam melhor quando estão em ordem. Principalmente na minha ordem. Desculpem, meus amigos, pela frieza que lido com assuntos que envolvam coração e cabeça desobedientes, pernas trêmulas e vontade de sair gritando como um louco. Já disse que não entendo, e apesar de me desculpar, sabem que dificilmente irei aceitar tais crises em público, especialmente na presença do causador de tais sensações. Espero que entendam os dias inteiros que passo em casa, sem vontade de contato humano. Entendam que vida tem mudado, sinto como se me renovasse, um upload de mim mesma, diariamente. Contudo para me organizar preciso roubar um tempinho para tentar por em ordem as minhas listas mentais. Parece que este tempo não será mais necessário agora. Como muitas outras coisas não serão. A desordem que se instala não é só pela falta de motivação, é acumulo de ideia, de lágrimas. Isso também não será necessário. Ponto de partida novo, novos vazios pelas escolhas, novas curiosidades para ocupar o lugar. São as maravilhas de que somos feitos. Sempre sobra um pouquinho de história mal resolvida, infelizmente a despedida nunca é completa. Ou felizmente. Seria uma pena ter que me abandonar sem levar nem um pouco embalado pra viagem.

(Vai ser um) Feliz Ano Novo

Positivismo! O pessoal reggae power adora. Mas tem horas que fica bem difícil e olha que eu sou uma pessoa que don't give a fuck é quase bordão. Manter o sorriso, levar na esportiva, take it easy. Bem fácil quando o barquinho vai indo no ritmo esperado tudo sob controle. O problema é quando tu resolve assumir um caminho diferente, todas as consequências que vem junto e atingem em cheio o barquinho praticamente estraçalhando e transformando a total segurança em um pedaço de madeira que mal dá pra se manter firme. Esta é a parte bacana, momento de tomar posse do que foi escolhido e de saber se valeu a pena ou se a nova construção vai te levar pelo caminho de sempre, surgindo o resultado de sempre. Mas a vida level hard, o difícil mesmo de manter a bandeirinha da alegria de pé é quando a escolha do medo e da insegurança não é feita por ti, por mim. São atiradas na gente pelo Destino. Coisa triste ter que começar o ano com uma martelada na cabeça. É o mundo dizendo "sentem ai humanos de merda, vejam o que você são" e a gente com cara de babaca sem argumento só assiste o que a gente é capaz de fazer e aguentar. Dizem por ai que quando se quebra um prato se libera energia ruim e essa me parece uma boa explicação pra esse ano. Sim, ótima explicação, inclusive com ela dá pra erguer a bandeirinha da vontade de viver bem do ladinho da da alegria. Bombas. Uma atrás da outra. Até notícia boa foi tensa nesse pequeno pedaço de ano novo. Tudo isso segundo a teoria de que pratos (vidros em geral) quando se quebram levam junto o azar do desastrado, parece bem razoável e nos permite até esperar um ano brilhante. Olha só, um jeito bem positivista de salvar o ano. Até porque se não for assim, é capaz de passar despercebido tudo que está dando certo e as voltas que a vida dá.

Pic: Across the Universe